A crise financeira de 2008, a pandemia e a guerra evidenciaram várias fragilidades da Europa na globalização económica, nas projeções de crescimento, na desindustrialização e na sua dependência energética. E, por outro lado, tornou-se claro que o modelo de crescimento adotado pelo Ocidente não é compatível com a mitigação das alterações climáticas e que a descarbonização implica metas mais ousadas.

Portugal não escapa a estes constrangimentos e um maior desenvolvimento dependerá de sabermos aproveitar as oportunidades resultantes da necessária articulação entre sub-regiões da União Europeia (como é o caso da Península Ibérica), ganhando escala para satisfazer necessidades das suas populações e para ganhar competitividade no espaço dos blocos políticos e económicos em que o mundo se está a organizar.

É neste quadro de referência, simultaneamente exigente e desafiante, que a ADFERSIT se propõe organizar o seu XVI Congresso em 2024, segundo o tema “A Integração Global de Portugal: que projetos estratégicos?”

O tema geral do Congresso será abordado segundo duas perspetivas complementares: as redes e sistemas de transportes, nomeadamente as que se integram na TEN-T, em que a interoperabilidade total, sendo um desígnio europeu, assume particular importância para Portugal; e a clarificação da reorganização territorial do país, visando enfrentar desafios que se apresentam ao conjunto da Península Ibérica, numa perspetiva de maior sustentabilidade, e de maior justiça e coesão sociais.

Num momento em que Portugal conclui e inicia importantes projectos no sector dos transportes – do sistema portuário e das redes transeuropeias ao aeroportuário, passando pelas cadeias intermodais de abastecimento – pretende-se suscitar uma fundamentada reflexão coletiva. Não é admissível desperdiçar talvez a última oportunidade de modernizar o nosso sistema intermodal de transportes, beneficiando do contributo dos fundos europeus, como o PRR e o Portugal 2030.

Na etapa que o nosso país atravessa, os temas do Congresso certamente interessarão os profissionais do sector, mas também aqueles que têm o dever de formular as políticas públicas, de forma informada e no melhor interesse de Portugal e dos Portugueses.

Emílio Rui Vilar
8 de Julho de 2024